quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Mulheres de propagandas X Mulheres reais: será que combina?

Alguém aí já parou para pensar se a mulher vista nas propagandas é a mesma que assiste? Será que as mulheres que assistem a essas propagandas com mulheres representadas, conseguem se identificar com o que veem? Uma pesquisa denominada como Representações das mulheres nas propagandas na TV foi realizada pelo Data Popular e Instituto Patrícia Galvão, que revelou a existência de um conflito entre os que os espectadores veem e o que gostariam de ver nas propagandas exibidas na televisão. 

De acordo com informações da pesquisa, para 56% dos entrevistados, sendo estes homens e mulheres, as propagandas de TV não mostram as verdadeiras e reais brasileiras. A pesquisa se devolveu por meio de 1501 entrevistas com homens e mulheres maiores de 18 anos, em 100 municípios de todas as regiões do país, entre os dias 10 e 18 de maio do ano passado. No entanto, a pesquisa foi revelada em setembro do mesmo ano. Por isso, é possível que até o presente momento, esses números poderiam apresentar diferenças. 

A maneira como a mulher está sendo representada nesses comerciais acaba prejudicando os anunciantes, que estão perdendo o principal mercado de consumo. Isto está acontecendo justamente pelas diferenciações entre a mulher das propagandas e a mulher de verdade. Sendo assim, o diretor do Instituto Data Popular, Renato Meirelles afirmou que a mulher quer uma comunicação que a inspire a melhorar um pouco mais de vida, mas que isso não deixe ela ser quem ela é realmente. Ainda de acordo com ele, quando as empresas vendem um aspiracional que está longe de ser desejado e possível para essa mulher, ou ela se frustra ou simplesmente conclui que esse produto não é para ela, e aí ela acaba criando uma barreira em relação a ele. 
Comercial Devassa com Aline Moraes

O que acontece é o seguinte, segundo informações do texto sobre o assunto da Agência Patrícia Galvão, as mulheres são responsáveis por 85% das decisões sobre o consumo doméstico e representam uma massa de renda de R$ 1,1 trilhão, ou seja, se as mulheres não estão se identificando e nem se sentindo representadas nas propagandas de TV, esse número pode cair bastante, pois esse é o principal mercado consumidor brasileiro. 

Outros dados interessantes, é que a mulher, nos últimos 20 anos, cresceu 36% em percentual da população e aumentou a participação no mercado de trabalho em 162%. Isto é, essas mulheres com mais dinheiro, começou a decidir ainda mais sobre o que é comprado em casa e a comandar um número maior de casas. Prova disso, é que 38% dos lares são comandados por mulheres. 

Além disso, os anunciantes esquecem de perceber que muitas propagandas feitas para homens, as mulheres estão comprando e vice-versa também. Existem os homens que moram sozinhos também e precisam de produtos de limpeza para manter a casa limpa, assim como existem as mulheres que curtem tomar uma cerveja no final de semana e jogar conversa fora com amigos. 

Comercial Skol
E com tudo isso, a autoestima da mulher está aumentando e ela quer se ver nas propagandas de TV também. Outro ponto importante, é que a maioria das mulheres brasileiras tem muito mais curvas do que a média das mulheres do mundo. Mas o que ainda acontece, é que as propagandas mostram um ideal de beleza que muitas mulheres já não se importam como já se importaram antes. No entanto, cadê as verdadeiras mulheres nesses comerciais? 

De acordo com Renato Meirelles, para conquistar essa nova mulher, a função da propaganda é, em primeiro lugar, criar identidade; em segundo lugar, inspirar essa mulher a melhorar de vida, se sentir mais bonita e feliz; e, em terceiro lugar, gerar propaganda boca a boca. "E se você não começa do início, que é a criação da identidade, não consegue criar os outros dois pilares do retorno de investimento. Isso acontece porque parte das equipes de criação das agências publicitárias, que vêm das elites, não entende essa nova consumidora", explica.

Mas também, por sorte, nem tudo está perdido. A Dove inovou ao falar da beleza de outra forma, da real beleza da mulher brasileira. Dira Paes é a garota propaganda do Activia, que também atinge um outro grupo de mulheres. E sem contar a C&A com a Preta Gil e Gaby Amarantos, atingindo também outro público diferenciado. 



A Veja Multiuso também é um belo exemplo com a propaganda que está rolando agora em que a mulher está saindo atrasada para o trabalho e derruba uma torradinha com morango, e aí quem vai ter que limpar é o marido. Na propaganda ele usa o novo produto da Veja, mostrando que os homens também são consumidores de produtos de limpeza e que podem acabar com a sujeira sozinhos. E não podemos esquecer da propaganda do desodorante Rexona, que fala sobre a força das mulheres. 




Desta forma, chegamos a conclusão que muito ainda precisa ser mudado, pois as mulheres precisam se identificar com as mulheres representadas nas propagandas de TV, que mudaram muito seus hábitos de vida, cargos no mercado de trabalho e, também, o próprio padrão de beleza está sendo visto de forma diferente. Claro que ainda vão existir as adeptas às mulheres europeias, loiras, altas e bonitas. Mas, enquanto isso, outras mulheres, as reais mulheres, estão aprendendo a valorizar o que elas têm de melhor e gostar delas assim mesmo.

Com informações de Outras Palavras

E aí, gostaram? O que vocês acham das mulheres que são representadas nos comerciais de TV? Até que ponto elas são reais? 

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